12/03/07

O perfil do actor de crimes sexuais em série

Antes de mais gostaria de abordar este assunto fazendo referência à noção de parafilia – entendendo-se por tal uma sexualidade caracterizada por impulsos sexuais intensos e recorrentes.
Constituem requisitos para a obtenção da excitação e do orgasmo o sentimento e/ou humilhação de si próprio, o assédio a pessoas pré-púberes ou inadequadas à proposta sexual.
Constituem formas de parafilia graves - o exibicionista, o necrófilo, o pedófilo e o sádico.
De notar, porém, que os delitos sexuais não são praticados no seu maior número por parafílicos.
O habitual não é que essas atitudes sejam o fruto de transtornos obsessivo-compulsivos, com comportamentos automáticos, configurando, antes, um conjunto de impulsos psicopáticos conscientes e premeditados.

Em cada caso deve efectuar-se uma análise da personalidade básica do criminoso, dos factores ambientais, avaliando-se a sua história vital e existencial, devendo, por fim, coligir-se as causas conducentes ao crime.

80 a 90% dos criminosos sexuais não apresentam sinais de franca alienação mental, sendo indivíduos com uma socialização deficitária.

Dos estudos efectuados os criminosos podem ser jovens adultos ou adultos de meia idade, predominando os solteiros, entre os 30 e os 40 anos, emocionalmente dependentes e habitualmente filhos únicos, com grande dependência da sua mãe, em geral viúva e dominante.

No caso de crianças agredidas o agressor pode ser identificado, podendo ser da família ou tratar-se de um vizinho.

Os criminosos sexuais são pessoas de razoável a bom nível social, comportando-se de formal cordial, sendo educados, inteligentes e astutos.
Porém, quando desenvolvem a actividade delinquente mudam totalmente de personalidade.

A agressão sexual costuma ser violenta e intimidatória, passando a funcionar como um estimulo erótico compensador da hiposexualidade que estes indivíduos apresentam nas relações convencionais.

No criminoso sexual os traumas psíquicos pessoais têm maior predominância que os factores ambientais, embora o contexto social também deva ser investigado.

Um estudo da etiologia do crime permite afirmar que estes indivíduos são instáveis, imaturos, inclinados à agressividade diante das frustrações, hostis, reprimidos, com baixa auto-estima, necessitados de afecto, inseguros, tímidos e temerosos.

No caso do violador em série existe uma personalidade agressiva com uma forte componente sádica, uma grande hostilidade consciente ou inconsciente em relação à mulher e um temor à masculinidade.


Lisboa, 12 de Março de 2007

Carla Mondim

1 comentário:

CORUJA AZUL disse...

É proficiente as variáveis coladas no texto. O arquétipo essas pessoas devem ser muito bem estudado, para que possam no futuro erradicar as causas sociais ou no mínimo amenizar este fato social.